Desde criança sentia a necessidade de saber sobre a verdade da vida. Questionava sobre muitas coisas: como fui criado, para onde iria quando morresse, o que seria se não tivesse essa vida aqui na terra... Mas fui vivendo de acordo com o que meus pais tinham planejado para mim até me formar na faculdade. Eu me sentia como numa prisão condicional onde ficava livre nas férias e depois voltava quando começavam as aulas, voltava para a prisão da escola. Depois de terminar os estudos vi o mundo pela frente e todas as possibilidades se abriram.
Fui para o campo realizar meu sonho de "peão de estância" e ali passei seis meses até que o romantismo de ver o sol nascer, fazer o fogo de chão , andar à cavalo, tocar violão e participar de rodeios se transformaram em rotina. E já não tinha mais bons sentimentos e boas emoções, tinha começado a realidade de uma vida no campo. Então, deixei para trás aquele sonho, como que cumprido, e procurei uma maneira de ganhar dinheiro.
Em dois anos prosperei muito e ganhei o bastante para ter uma vida muito confortável. Deparadei-me com uma encruzilhada na minha vida: por um lado tinha todas as possibilidades de ficar rico e prosperar muito mais, e por outro, ainda tinha o meu sonho de conhecer a razão da minha existência. Ainda era tempo de largar tudo, pegar uma mochila e sair pelo mundo procurando pela verdade. Assim fiz com 25 anos de idade. Passei três anos viajando ao redor da terra à procura de sabedoria e de pessoas que amassem umas às outras. Eu tinha a impressão que depois de conhecer e vivenciar outras culturas, como a da Índia, Nepal, Tailândia, Israel, Egito, Japão, Europa, Austrália, etc, eu poderia compreender a vida e ter paz onde quer que estivesse. Eu tinha a sensação que poderia estar em qualquer parte do Universo. E eu vivi esse sonho também. Vivenciei estas culturas até parar nas montanhas da Austrália, vivendo sem dinheiro (pois para que precisava de dinheiro?), sem mais desejo de conhecer qualquer lugar ou de vivenciar qualquer coisa. Parecia que eu tinha encontrado o que procurava. Pensei que tinha encontrado Deus e que era Seu filho, assim como Jesus. Então senti que meu propósito na vida era servir e comecei a ajudar as pessoas nas ruas. Passado pouco tempo comecei a ficar muito magro, pois comia pouco, só quando encontrava comida, e fiquei bem vulnerável à pensamentos místicos. Comecei a falar com as pessoas sobre paz e amor e acabei sendo levado à um hospital psiquiátrico. Fiquei lá uma semana e então voltei para o Brasil.
Foi como aterrissar num outro planeta onde ninguém me entendia e eu também não entendia ninguém. Concluí que toda a minha busca tinha sido em vão e que era apenas mais um sonho. Mas não podia ser... Tinha que haver algo mais nesta vida além do que essa mera sociedade. Então, entrei em profunda depressão. Decidi esquecer a minha busca e aceitar a realidade do mundo. Foi como fechar a porta para o que eu buscava e só olhar para o mundo como ele era. Foi a única forma de sobreviver que encontrei. Pensei até em suicídio. Passaram-se 3 anos para conseguir ter algum gozo em viver. Comecei a torcer por um time de futebol, achar engraçadas as piadas que ouvia e até comecei a assistir novelas de televisão. Não acreditava mais em Deus, e para mim era óbvio que a vida era só aqui na terra, como a de um animal qualquer. Me casei, tive filhos e fiquei rico (com casa, sítios, carros, empresa, etc.). Iria viver assim até o final da minha vida. Mas no meu íntimo, ainda sentia uma tristeza profunda que não me deixava sorrir espontaneamente.
Depois de 5 anos senti uma pequena voz no meu coração dizer que ainda era possível ser feliz. E eu acreditei. Ainda tinha esperança. Comecei a buscar novamente. Tentei de várias formas encontrar o caminho, através de Yoga, Reiki, medicina chinesa, caminho vermelho dos índios, calendário maia e outros estudos desse tipo. No começo essas experiências eram muito interessantes e pareciam até levar à verdade, mas logo percebia a realidade das pessoas e a vida que elas viviam. Eu queria ser feliz de verdade, queria colocar em prática o que estava aprendendo. Não queria ir novamente para minha casa e deixar o encontro com as pessoas apenas pelo final de semana.
Minha relação com minha esposa não estava boa e eu via meus filhos crescendo sem participar muito da vida deles. Pensei até em comprar um veleiro e sair com a família a viajar pelos oceanos. Parecia uma boa idéia para me aproximar da minha esposa e ter uma vida familiar unida, junta, mas também era muita loucura enfrentar os mares e oceanos pelo mundo afora. Então, decidi fazer a viagem por terra. Larguei o trabalho e saímos para visitar comunidades alternativas no nordeste brasileiro. Depois de uns cinco meses, a nossa relação melhorou muito, mas minha esposa estava triste e queria voltar para onde vivíamos. Ela gostava da cidade, de ficar perto dos pais, de ter um emprego estável. Ela gostava do sistema do mundo. E assim, ela até chegou a falar que eu não pertencia a este mundo e talvez fosse melhor cada um de nós seguir seu próprio caminho. Eu achei bom, e então nos separamos. Isso foi no ano 2000, quando eu tinha 40 anos.
Pouco tempo depois me casei novamente e tive a ilusão de que seria diferente. Passou apenas um ano para eu me dar conta de que não daria certo. Nova separação. Pensei então que ficaria sozinho e que casamento no mundo não era verdadeiro. Fui então morar em minha cabana na montanha, ao lado daquela linda cachoeira. Comecei a pensar em viver em comunidade.
Então, encontrei um amigo que também pensava como eu, e decidimos organizar uma comunidade com os índios guaranis. Pensávamos que para dar certo precisaria de um só coração, uma só mente e um só espírito. Achamos que o espírito dos índios nos manteria juntos. Já tínhamos a terra e começamos a ter encontros com os índios para organizar a comunidade. Era mais um sonho que poderia se realizar (eu queria ser índio). Nós nos perguntávamos se já não existia o que procurávamos, um ônibus para viajar juntos, uma terra em comum e pessoas com o mesmo propósito vivendo juntas...
Neste tempo eu tinha terras, casa, carro e uma situação econômica bem estável. Não tinha necessidades materiais, mas tinha um profundo vazio que afligia minha alma. Eu não tinha verdadeiros amigos e também não tinha um propósito na minha vida.
Foi então que pela primeira vez na minha vida olhei para o céu e clamei ao criador de todas as coisas (Deus), não importando qual fosse o seu nome, mas o Deus da verdade. Entreguei a Ele minha vida e todos os meus bens, e disse que tudo era Dele, que eu serviria a Ele para sempre. E pedi que me mostrasse o caminho da vida e me orientasse no que fazer.
Talvez um ou dois meses depois disso eu estava em minha cabana e senti um forte desejo de ir até o Fórum Social Mundial que aconteceria em Porto Alegre. Achei interessante, mesmo que há muito tempo não gostava mais de palestras ou encontros de filosofias e projetos políticos. Mas algo muito forte e intenso me chamava para ir. Pensei que talvez pudesse encontrar alguém muito interessante por lá. E então fui para conferir. Cheguei ao acampamento, olhei ao redor, caminhei um pouco e não encontrei ninguém que me chamasse a atenção. Conclui que só tinha sido uma ilusão e decidi voltar para casa. Quando estava saindo do parque, encontrei uma menina vendendo artesanato e também um livro feito a mão muito interessante, que me chamou a atenção. Parei e comecei a conversar com ela. Depois, logo vi um Tipi de índios mais na frente e fui até lá para ver. Então me deparei com um homem que eu tinha encontrado há 3 anos num festival de comunidades alternativas. Seu nome era Sha'an e estava com seu amigo Neriyah. Começamos a conversar... e depois de quase uma hora de considerações, meu mundo caiu. Eu senti que o que eles falavam tinha fundamento e não era apenas para mostrarem que estavam certos. Senti algo a mais... firmeza, sinceridade, humildade...Eles me convidaram para ir até a barraca deles e me serviram pão integral com azeite de oliva (foi a primeira vez que provei e gostei muito). Então me convidaram para conhecer a comunidade onde eles viviam em Londrina, no Paraná.
Era fevereiro e eu estava programado a passar as férias com minhas crianças. Pensava, a princípio, de visitar uma comunidade indígena, mas meu rumo mudou. Prometi a eles que eu iria visitá-los. Fui para casa e contei a história toda para o meu amigo. Ele disse que já conhecia esse pessoal das Doze Tribos, que eles seguiam a Jesus e tudo mais. Disse pra ele que iria visitá-los e que se fosse o espírito desse Jesus que unisse as pessoas numa verdadeira comunidade, então ali seria o caminho.
Era 11 de fevereiro de 2002 quando cheguei na comunidade de Londrina, com Felipe e Alice, meus dois filhos. Nunca vou esquecer aquele momento... Muitas pessoas sorridentes jantando juntas com um espírito alegre e hospitaleiro.
Eu vi pais voltando os corações para os filhos e os filhos obedecendo os pais. Eu senti cuidado uns com os outros. Me senti amado. Depois de duas semanas, no dia 25 de fevereiro, eu já não queria mais voltar para "o mundo", eu tinha encontrado um propósito para a minha vida, eu senti uma profunda necessidade de ser perdoado de todo o meu passado. Eu vi a oportunidade de começar tudo de novo, como uma pequena criança. Então eu clamei bem alto para o Deus criador, que eu queria ser um filho de Deus de verdade para poder descansar das minhas aflições e preocupações com a vida.
Eu conheci Yahshua, o único que pode unir pessoas, aquele que salva, que perdoa, que tem o poder de nos livrar das garras do sistema deste mundo.
Benyah
Campo Largo, 24 de abril de 2008.
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