Nosso Mestre ficou lá pendurado na cruz com seu corpo sangrando, espancado a ponto de não ser mais reconhecível. Ele engasgava e ofegava numa peleja para respirar enquanto uma dor como um ferro abrasante penetrava até o fundo do seu ser. Ondas de choque faziam tremer a sua figura. A multidão que observava, escarnecia e vaiava, gritando em desafio, "Desça daí se você é o Filho de Deus!"

Muitos já tinham morrido nas mãos dos romanos, dizendo que eram o Messias, mas este caso era diferente. Era mais do que uma simples execução de mais um chefe de seita. Estes homens estavam crucificando também aquilo que este homem significava. "Desça daí," zombavam novamente em tons sarcásticos, "e creremos em você." Nem percebiam, nem se importavam que não creriam. Mateus 27:40-42

Eles não podiam conhecer o amor profundo que motivava este homem perfeito a fazer o sacrifício pessoal mais caro que jamais seria feito em toda a eternidade. Tudo que pensavam era em si mesmos, e de como Ele ofendeu o sentido de justiça deles, enquanto lançavam ódio e desprezo em Sua direção.

Sua paz e compostura durante este ordálio vergonhoso provocou alguns poucos que observavam entristecidos a grandeza de Seu sofrimento. Notaram que a ternura que sempre viam em seus olhos ainda estava lá. Até mesmo Seus discípulos fugiram da cena ao sentirem a pressão se tornar mais e mais intensa e real em suas próprias vidas. A multidão escarnecedora zombava e provocava; "Você salvou os outros, agora se salve!" Eles não sabiam que naquele exato momento Ele recebia a pena que eles mesmos mereciam pelos seus pecados e atitudes presunçosas e insolentes.

Somente poucos dos que ali estavam naquele dia apreciaram o espantosamente admirável domínio próprio que este humilde homem exercitava. Mesmo que eles não compreendessem por completo o que acontecia, eles conseguiam sentir que Ele sabia o que fazia. Era este conhecimento que o elevava acima da vergonha de Sua nudez e a dor de seu corpo quebrado. Então aconteceu. Seu último alento ele soltou com um grande brado de submissão. Como os cordeiros da antiguidade, o sacrifício de Sua vida já tinha sido minuciosamente inspecionado e encontrado inculpável. Seu rosto fixo como granito, com Seu último pensamento consciente em agradar seu Pai, Ele foi o que um cordeiro nunca pode ser, um sacrifício voluntário pelo pecado. Lucas 23:46

Naquele momento, o peso inimaginável do pecado do mundo inteiro esmagou o espírito em Seu corpo em direção vertical, para o centro da terra. Enquanto sua alma era rasgada do casco quebrado que era Seu corpo, a dor que ele experimentava não cessava. O sentimento esmagador de distância e alienação de Seu Pai no céus crescia e crescia. Na agonia da morte Ele recebeu a pena justa pelo acúmulo de egoísmo e maldade da raça humana por inteiro. 2 Coríntios 5:21 Além disto, Ele ainda fez mais. Através de encarar a morte e vencer o medo de sua perca e sofrimento, Ele acabou com o seu poder para sempre!

Ao ressurgir das entranhas da terra, Ele sabia que haveria aqueles que se importariam o bastante com o que Ele fez por eles ao ponto de obedecer qualquer ordem dEle - qualquer coisa que Ele mandasse fazer. A estes Ele confiaria as chaves - as chaves que Ele tirou do príncipe maligno que reina sobre o mundo caído, as chaves da morte e do Hades. Apocalipse 1:17-18

Ele sabia como destrancar a prisão do egocentrismo e a morte tenebrosa dentro do homem. A Sua mensagem na terra foi clara, muito clara, mas as Suas palavras somente tinham Seu efeito pleno naqueles que confiavam plenamente nEle. Aqueles que o conheceram em vida, contaram para outros o que Ele disse, para que eles também pudessem ser libertados de suas prisões. O amor que habitava nos corações desde pequeno grupo proibia-os de fazer menos que compartilhar tudo que tinham uns com os outros. Eles nem queriam considerar o que pertencia a eles, como deles próprios. Porém, vendo as necessidades uns dos outros, compartilhavam suas refeições, suas casas, e até mesmos suas próprias vidas. Atos 2:42-47; 4:32-37; 6:1-7; 1 Tessalonicenses 2:14 Em todas estas maneiras eles morriam para si mesmos. Assim como Ele morreu na cruz, eles morriam para todas as coisas que antes tinham motivado-os a melhorar suas próprias vidas, mas tinham deixado-os separados e solitários. Nada dava a eles mais alegria do que experimentar aquela mesma vida que Ele tinha experimentado diariamente ao viver na terra. Este era o desabrochar do primeiro amor deles. Seres humanos, perdidos e sem esperança, foram atraídos a esta admirável vida unida e integral. Nas comunidades de Yahshua, as pessoas eram libertas da escura prisão pessoal de existência egocêntrica em que estavam emaranhadas. Estes primeiros discípulos provaram que eles tinham as chaves, e que eles conseguiam destravar as portas para os outros também. Mateus 16:19 Através do amor e união que viviam, provaram que Deus estava no meio deles.

Mesmo assim, com o crescimento da Igreja também cresceu a peleja, imoralidade, e avareza ao ponto delas dominarem. Findou dividida por exatamente aquelas coisas que Ele morreu para acabar. 1 Coríntios 1:10-13; 3:1-3; 6:4-11; 11:18-21; 2 Coríntios 6:14-7:1; 11:2-4; 11:2-4; Gálatas 1:6-8; 5:15-21; Efésios 6:24; 1 Timóteo 6:3-10; 2 Timóteo 2:26-3:7, Tiago 2 Aqueles mesmos espíritos maus que provaram Yahshua, vieram provar Seu povo, e eles não confiaram completamente, não da maneira em que Ele confiou no Seu Pai. Eles não perceberam que estavam perdendo seu primeiro amor. Nem perceberam que perderam as chaves.

Mas a história não termina por aí... Existem Boas Novas! Hoje, agora mesmo aquelas mesmas chaves estão novamente na terra, porque existe um povo que está novamente obedecendo à palavra dEle. Aqueles que receberam as chaves verdadeiramente crêem que Ele é capaz e pode alcançar até o fundo onde o homem está perdido, solitário e sofrendo.

Como seria trágico ser como aqueles que zombaram e riram dEle dizendo, "Desça daí!" sem saber que, na realidade, Ele já desceu! O Rei dos Reis veio para trazer o Seu Reino para a terra, para dentro das vidas dos homens - se deixassem.